sexta-feira, 6 de março de 2015

Dançam as árvores em seu ritmo brisa.
Luz ofusca visão e faz tudo brilhar, tudo parecer puro.
Melodia em dança, o corpo paira sobre a própria existência.

Janelas abertas convidam o som a entrar.
As folhas se mexem em dó.
Brilho do sol, raio que ilumina minha pele e se mostra em detalhes.
Reflexo de luz na tinta é mistério molhado a se tornar verdade seca.

Deixa a música tocar
coração.
A pele vira coração.
Na dança em câmera lenta, no mínimo,
no detalhe,
a pele pulsa,
vive,
move.

domingo, 30 de novembro de 2014

Sobre ser só.


   Amor, amor, amor, amor. Somos direcionados a querer amar um outro loucamente, a se dar de corpo e alma ao tão sonhado amor. A medida que nossas ilusões nos tomam, vão tomando conta de nossos corações, as decepções se tornam recorrentes, a gente para e se pergunta qual é o problema. Você. Apenas você. Nos preocupamos demais em depositar todas nossas fantasias, ideais e expectativas em alguém e esquecemos do principal, nós mesmos. Ninguém poderá ser capaz de se encaixar perfeitamente na sua ideia de amor, o nome já diz, é ideia, ideal. O ideal foge da realidade. E sem enxergar nos amarguramos, nos desesperamos, nos damos a pouco. Até que um dia percebemos que nós podemos nos amar. Nos responsabilizamos pelas nossas escolhas e só assim podemos perceber a nossa própria existência e companhia. É maior. Somos nossos. Se um dia o amor vier, ótimo. Se não, ele já existe, está em você.

   Não é fácil. Dói. Muito, na verdade. Mas é prática. Exercícios e quedas. Até que um dia se torne natural, leve. Vou parar de escrever por aqui, ainda estou aprendendo. Um dia talvez eu volte a esse texto.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Na janela vi de perto um arco-íris logo ali do lado do lixão.
No lixão um menino.
Cores no chorume.
Extremos de vida.
Vida no fim do ciclo.
Desigualdade de objetivo.
De um lado arco-íris vivo,
do outro, menino no lixo.
Qual a perspectiva da beleza quando a cor invade o fim?
A cor vira o lixo? Ou a tristeza vira arte?

Quero falar sobre a casa vazia, do frio dos dias e da solidão.
Quero parar com os imperativos dos dias,
com toda essa agonia de uma vida sem paz.
Quero saber do aconchego de amores que virão,
amores que serão a razão de sonhar.
Deixa tudo onde está,
deixa a chuva cair
e o café esfriar.
A vida, meu bem, é pra quem sabe lidar.
No silêncio predomina o tudo.
Todas as possibilidades se tornam reais.
Do gozo ao martírio.
Os universos moram no silêncio.
Há um tempo atrás escolhi um caminho que mudaria minha vida, mas escolhi sem saber.
Optei por ser do mundo. Aprendi a me deixar por onde eu passar.
Hoje sou apenas pedaços de mim.
Pedaços que se renovam e trocam todos os dias. Aprendi a entender que a vida é bem maior quando nada faz sentido. A esperança de que um dia o faça, alimenta.
Vi no mundo muito desamor e tristeza. Vi em mim também.
Sobretudo, vi paixões extremas e vida. Em mim também.
Aprendi com o mundo que quando se escolhe ser livre, o magnetismo da liberdade vem.
Ainda o mundo me ensina a viver todos os dias.
Ainda busco os pedaços que faltam em mim.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Leito da pele

Pelos mil corações,
pelas tantas razões
me deixo aí.
Sem querer nada em um caminho sem destino peço presença,
nada mais.
A vida segue o leito do rio, o leito da pele viva,
pele que responde ao sussurro de paz.
Leve, lento, sinto.
Sem mais, nem porquês, até quando der
meu corpo vai chamar o teu.
E quando nada mais restar,
a vida segue
Pelos mil corações,
pelas tantas razões.